segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Oriente Médio e seus novos investimentos


Andressa Rufino *

O Barcelona fechou o maior patrocínio de camisas da história até o momento, 150 milhões de Euros por cinco temporadas (ou 30 milhões de Euros anuais). O “presente de natal” veio da Qatar Foundation, uma entidade sem fins lucrativos que acabou unindo o útil ao agradável. O Barcelona enfrenta uma dívida de aproximadamente 430 milhões de euros. A Qatar Foundation quer transformar o país em líder em investigação e educação, e o caminho escolhido para divulgar tal meta foi o esporte.
Aliás, o desporto nunca esteve tão presente nos interesses do Oriente Médio. Recentemente, a FIFA escolheu o Qatar também como sede da Copa do Mundo de Futebol em 2022. Os árabes planejam investir US$ 3 bilhões (cerca de R$ 5,1 bilhões) para reformar três estádios e construir outros nove. E falando em futebol, depois de 20 anos, o Mundial de Clubes saiu do Japão e foi para Abu Dhabi.
O mundo árabe também entrou na rota do automobilismo. Foram incluídos no circuito de Formula 1, principal categoria da modalidade, os GPs do Bahrein e Abu Dhabi. Inclusive, esse último local foi escolhido pela Ferrari como base para seu parque temático, com 20 atrações, cujo investimento foi US$ 36 bilhões, inaugurado em outubro de 2010.
Outros eventos esportivos de destaque promovidos na região nos últimos anos foram os Jogos Asiáticos, Dubai Tennis Championship, Mundial de Natação, amistosos de futebol internacional de seleções e pré-temporada de alguns times europeus (como o Milan). E, para finalizar, está em construção a Cidade dos Esportes de Dubai, uma aréa de 4.600.000 m² composta de diversos prédios e instalações esportivas, com custo de US$ 4 bilhões.
         As terras quentes estão abrigando cada dia mais campos, quadras, pistas e piscinas. Muito desse comportamento está relacionado ao interesse de transformar o Oriente Médio no maior destino turístico mundial. As obras extravagantes e o lazer exótico pelo mundo já atraem milhares de turistas. Com os eventos esportivos aumentando progressivamente, o grande fluxo de “torcedores” para as competições se tornou um motivador dessa tendência. Além disso, sabe-se também que o consumidor esportivo não economiza para assistir um bom espetáculo, ampliando, portanto, as receitas do evento e mesmo do entorno.
A estratégia dos xeiques é mais simples do que parece: desenvolver o Oriente Médio ampliando investimentos em infraestrutura, especialmente em empreendimentos ligados ao mercado de luxo, para ajudar a diversificar a economia local. Apesar do petróleo ser lucrativo e representar boa parte do PIB (Produto Interno Bruto) dos países da região, ele é uma fonte não renovável. Portanto, é preciso criar situações que diminuam essa dependência. “Ele (o turismo) não depende da disponibilidade de recursos naturais e oferece pouquíssimas barreiras para se desenvolver”, lembra a consultora americana Michelle Grant.
Se o esporte já é há algum tempo uma alternativa para a estratégia de diversas instituições públicas e privadas, os petrodólares caminham na sua direção, trazendo ainda mais retorno para os exigentes investidores árabes.

* Andressa Rufino é consultora da Trevisan Gestão do Esporte e autora do livro “Arena Multiuso – um novo campo de negócios”, da Trevisan Editora Universitária.

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