sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Futebol americano ganha espaço entre os brasileiros



Parcerias com grandes clubes ajudam a popularizar o esporte


O football está para os Estados Unidos assim como o futebol está para o Brasil. Contra esse pensamento popular estão os entusiastas que tentam despertar o brasileiro para um ‘outro’ futebol, o americano. Para isso, os praticantes deste esporte se juntaram a grandes clubes já tradicionais no futebol e criaram adaptaram novas modalidades.
No Brasil, as modalidades do futebol americano que mais têm adeptos são o flag football e o de praia, além da mais tradicional, disputada na grama. Deny Barbosa, head coach (técnico) da equipe feminina de praia do Vasco F.A., explica que o objetivo do jogo é chegar ao final do campo adversário, mas que não valem socos ou chutes e não se pode segurar ou derrubar um jogador sem posse de bola. E acrescenta: “no caso da areia, também não pode puxar camisa ou cabelos, caracterizando falta”.
Entretanto, entre os gramados e a areia, a diferença é pouca: “as diferenças são mais no equipamento. Na areia, é proibido utilizar proteções rígidas, mas pode-se usar capacetes de taekwondo e rúgbi (que não são rígidos) e proteções de espuma para tronco e ombros. Além disso, na praia o jogo é naturalmente um pouco mais lento, devido às características do piso, e com menos impacto”, diz Adriano Albuquerque, assessor do Botafogo Mamutes. Ana Carolina Eloy, do Botafogo Flames, acrescenta que há menos jogadores na areia em comparação à Liga Universitária Americana (NCAA), uma das principais competições do esporte: “na NCAA são 11 em cada lado (defesa e ataque) e no futebol americano feminino de praia são 9 em cada lado”.
Já o flag football é uma modalidade com menos contato. “O sistema do jogo é o mesmo, só que sem derrubar o adversário (tackle). Ao invés disso, os jogadores têm que tirar uma bandeirinha que fica na cintura dos jogadores – por isso o nome. É um esporte praticado mais por crianças, como forma de diversão e como introdução ao futebol americano com contato”, explica Flávio Cardia, presidente do Fluminense Imperadores Football, time de futebol americano de campo.
Apesar do esporte requerer muito contato físico e ser apontado como 'masculino e bruto', as mulheres também jogam. No Rio de Janeiro, o Vasco da Gama e o Botafogo possuem equipes femininas de futebol americano, ambas de praia. Ana Carolina, da equipe alvinegra, diz que, apesar do que as pessoas pensam, há espaço para elas e para a vaidade: “é verdade que é um esporte de muito contato, você se machuca, fica roxa... Mas somos mulheres normais, cada uma tem seu estilo, sua vaidade, sua mania. Nunca deixamos isso de lado, mesmo dentro de campo. Nos preocupamos com o uniforme, com o cabelo (para que não atrapalhe, mas que também fique bonito), com a pele”, diz.
Influência do Futebol
Clubes tradicionais no futebol firmaram parcerias com equipes de futebol americano que já possuíam certa fama entre os adeptos do esporte. Entre essas parcerias, existe a do Vasco da Gama com o Rio de Janeiro Patriotas (dando origem ao Vasco da Gama Patriotas) e com o Coyotes de Copacabana; a do Fluminense com o Imperadores Football (gerando a Fluminense Imperadores Football); e o Botafogo com Mamutes e com o Flames, que criou, respectivamente, o Botafogo Mamutes e o Botafogo Flames. América do Rio, Corinthians, Palmeiras, Portuguesa e Ceará também possuem seus próprios times.
A maioria dessas equipes, entretanto, diz que a associação aos clubes não é sinônimo de patrocínio, apenas de fornecimento de equipamentos, uniformes e estrutura de treinamento. “Temos um patrocinador, mas o apoio do Vasco vem com o nome e apoio legal em usar a marca para benefício do time”, diz Deny. Cardia acrescenta: “a parceria não representa dinheiro e sim estrutura. Através da marca Fluminense estamos buscando patrocínios para ajudar o time no restante da temporada”.
Primeiros passos para a profissionalização
Como prova do crescente interesse pelo esporte, em janeiro deste ano foi criada a Federação de Futebol Americano do Rio de Janeiro (FeFarj). Segundo Ivan Franklin, um dos diretores da federação, o objetivo é gerenciar o futebol americano e todas as suas modalidades no estado.
“A criação da FeFARJ veio para organizar uma frente de trabalho concentrada exclusivamente nos assuntos do nosso estado. A organização, que já era muito boa, deu um salto de qualidade. O nosso Campeonato Estadual, em sua 11ª edição, há muitos é o maior, mais competitivo, organizado e de maior índice tecnico de todo o país, mesmo sendo disputado em campos de areia e com adaptações na regra por conta disso”, diz ele.
Franklin diz que o esporte cresce aceleradamente e, por isso, é difícil precisar o número de equipes, e acrescenta que as maiores dificuldades são em conseguir patrocínio para os torneios e qualificar a arbitragem. A FeFARJ organiza apenas o Estadual (Carioca Bowl) masculino e o feminino, mas diz ter planos de montar escolinhas e campeonatos de flag football para popularizar o esporte.
“Como o futebol americano de praia é disputado basicamente no Rio de Janeiro, há apenas duas grandes competições de praia: o Carioca Bowl, mais tradicional do país, e o Saquarema Bowl, disputado há seis anos e que serve como ‘pré-temporada’”, diz Albuquerque. Segundo ele, outros estados organizam campeonatos locais de grama e existem dois torneios nacionais de clubes (Torneio Touchdown, em sua segunda edição, e a Liga Brasileira de Futebol Americano, pelo primeiro ano), além do Torneio Brasileiro de Seleções, vencido em 2010 pelo Rio de Janeiro e em 2009 por São Paulo.
A decisão dos estaduais acontece no dia 17 de outubro, na Praia de Botafogo. Botafogo Flames e Vasco se enfrentam na final feminina, mas o campeonato masculino só conhecerá seus finalistas após as semifinais que acontecem no primeiro fim de semana de outubro.
*Clubes participantes do Carioca Bowl Feminino: Botafogo Flames, Rio Islanders, Saquarema Big Riders e Vasco F.A.
*Equipes participantes do Carioca Bowl Masculino deste ano: Botafogo Mamutes, Ipanema Tatuís, Copacabana Titãs, Falcões, Rio de Janeiro Sharks, Piratas de Copacabana, Ilha Avalanche, Islanders, Niterói Corsarios, América Red Lions e Botafogo Reptiles.
Para saber onde treinam e como jogar por um desses times, confira a lista abaixo (informações da FeFARJ):
• Vasco F.A.: treinos na praia de Copacabana, posto 4, terças e quintas às 20h e sábado as 16h. Os interessados devem ir a um dos treinos ou ligar para a coordenadora de marketing do Vasco.
• Fluminense Imperadores: treinos no Clube da Light, Grajaú, todo domingo às 10h. Uma seleção acontece em janeiro para definir o elenco da temporada 2011
• Botafogo Flames: treinos aos sábados na praia de Botafogo, às 15h. Interessados devem entrar em contato pela Internet ou comparecer aos treinos
• Botafogo Mamutes: treinos às quintas, 20h, e sábados, 15h. Praia de Botafogo, próximo ao Mourisco Mar
• Copacabana Titãs: treinos aos sábados, 17h, na praia de Copacabana, altura R. Siqueira Campos.
• Reptiles: treinos às terças, 19h30 e domingos, às 16h, na praia de Botafogo, em frente ao Arteplex.
• Ipanema Tatuís: treinos aos sábados, 15h, na praia de Copacabana na altura da Av. Princesa Isabel
• RedLions: sábados, às 16h, na praia de Botafogo em frente ao Ed. Argentina
• Rio de Janeiro Sharks: treinam às quartas (19h30) na praia de Copacabana em frente à R. Figueiredo Magalhães, e domingos (15h30), no posto 3 da mesma praia
• Falcões: treinos aos domingos, 15h, na praia da Barra. Em frente a Av. Olegário Maciel
• Niterói Corsários: treinam na praia de Icaraí, em frente a R. Oswaldo Cruz, às terças (19h30) e sábados (15h)
• Rio de Janeiro Islanders: sábados às 15h na praia da Bica, na Ilha do Governador
• Piratas de Copacabana: treinam no posto 3 de Copacabana, às terças e quintas, às 20h



Agência de Jornalismo Esportivo

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