sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Beach Handball busca se tornar um esporte popular no Brasil


Modalidade em que Brasil é uma das potências sofre com a falta de patrocínio
Derivado do esporte mais praticado nas escolas brasileiras, segundo pesquisa do Ministério da Educação (MEC), o Beach Handball (ou Handebol de Areia) está longe dos holofotes que a mídia dá a outras modalidades praticadas na praia. No entanto, a tendência é que daqui a alguns anos o esporte se popularize, tendo em vista o rápido desenvolvimento e a adesão crescente de novos praticantes.
O Beach Handball é praticado no Brasil desde a década de 80 (http://www.handsport.com.br/historia-beach-handebol.html, acesso em 21/10/2010). No início, a modalidade era apenas uma recreação e usavam-se as regras e as dimensões da quadra do handebol de quadra (indoor). Em 1995, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) incluiu o esporte no Festival Olímpico de Verão, no Rio de Janeiro, e assim aconteceu a primeira competição internacional da modalidade. O torneio foi vencido pela seleção brasileira, com a Argentina em segundo lugar, seguida de Itália e Portugal.
A regra possui profundas diferenças em relação ao handebol de quadra. As partidas são disputadas com quatro jogadores por equipe, sendo três de linha e um goleiro, em melhor de dois sets, com duração de dez minutos cada. Caso o tempo termine empatado, a decisão será no “Gol de Ouro” em que a equipe que marcar o primeiro gol será declarada vencedora do set. Se as equipes vencerem um tempo de jogo cada, o desempate será feito através do “Shoot Out”, ou seja, o jogador contra o goleiro. Segundo a Federação Internacional de Handebol (IHF), os gols criativos ou espetaculares e “aéreos”, além daqueles marcados através do Tiro de 6 metros, valem dois pontos.
Considerado uma das potências do Beach Handball, juntamente com alguns países com tradição no handebol de quadra, como Croácia, Hungria, Rússia e Egito, o Brasil possui bons resultados na história dos mundiais. A seleção masculina foi campeã em 2006, no Rio de Janeiro, e em 2010, em Antalya, na Turquia, além do vice-campeonato em 2008, em Cádiz, na Espanha. Já a equipe feminina venceu apenas em 2006 e nas duas últimas edições terminou em terceiro lugar.
Os maiores pólos da modalidade no país são Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará e Paraíba. Destes estados costumam sair jovens talentos e vários jogadores para as seleções, como explica Antonio Hermínio Guerra Peixe, treinador da Seleção Brasileira desde 1998: “Para garimpar jogadores a fim de defender as seleções brasileiras em competições internacionais, acompanho as etapas nacionais e estaduais de Beach Handball”.
Alguns jogadores tiveram experiência com o handebol de quadra antes de se mudarem para a praia. É o caso de Maria José Sales, a Zezé, que defendeu o Brasil nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000. Considerada uma das maiores atletas da história do handebol brasileiro, Zezé afirma que não teve dificuldades de adaptação: “A minha adaptação foi fácil, pelo fato de morar próximo da praia e pela paixão pelo handebol”, afirma e acrescenta: “Consegui unir o lazer com o esporte”. A opinião é compartilhada por Wagner, atleta do Ferreira Viana, de Niterói: “Apesar de terem os mesmos fundamentos básicos, o Beach Handball é outra modalidade. Não tive dificuldades para me adaptar, pois o meu forte é a areia. Eu amo a praia”.
As principais equipes de Beach Handball do estado fluminense foram montadas de maneiras diferentes. O Z5 Handebol, time de Zezé, foi formado a partir de um grupo de amigas: “Reuni um grupo de cinco amigas e daí surgiu o Z5, com atletas que tiveram participações expressivas na liga nacional e na seleção de handebol de quadra”, explica a responsável pelo time que lidera o Circuito Carioca Feminino.
Luciano Peçanha, do Niterói Rugby, afirma que a equipe foi formada a partir da união de dois grupos. “Eu fui atleta e treinador do Niterói Rugby em outras épocas e retornei esse ano como treinador da equipe principal de Beach Handball e de quadra. Todo o grupo que estava comigo, há cerca de três anos, com passagens por América e Vasco, vieram pro Niterói comigo. Aqui já havia um grupo novo e talentoso e juntamos os dois, ficando com uma equipe mais forte”, afirma o representante do vice-líder do Circuito Carioca Masculino, atrás do Idec.
Já a base do Unihand, de Belford Roxo, se formou a partir de um torneio misto de Beach Handball em Itaguaí. “Competimos e logo em seguida veio a vontade de participar de uma competição oficial, e assim foi feita a participação do circuito carioca e da seletiva do brasileiro”, diz Rômulo Pereira, treinador das equipes masculina e feminina do único representante da Baixada Fluminense, acrescentando também “a formação de atletas no município”.
Assim como qualquer esporte amador, as equipes de Beach Handball sofrem com a falta de patrocínio para se manter. Isso é uma unanimidade entre os representantes dos times. “Vivemos da ajuda de amigos, da venda de material esportivo e do amor ao esporte”, diz Zezé, enquanto Luciano Peçanha afirma que os atletas do Niterói Rugby “não recebem nenhuma ajuda financeira, ao contrário, dividem todos os custos de taxas administrativas e do material, como bolas, fitas e redes”. Já Wagner, do Ferreira Viana, reclama da Federação de Handebol do Estado do Rio de Janeiro (FHERJ): “Nossa maior dificuldade é a organização, pois a Federação não ajuda financeiramente. As equipes financiam seu próprio material, inscrições, etc. No caso do Ferreira Viana, o patrocinador (uma grife de roupas moda praia) paga os custeios”.
Rômulo Pereira, do Unihand, explica que sua equipe recebe apoio da prefeitura local, exceto para conseguir materiais esportivos: “temos total apoio da Prefeitura Municipal de Belford Roxo e da Secretaria de Esporte e Lazer do município, a qual paga as inscrições e transporte, mas dinheiro para uniformes e outras coisas temos que arrumar”. Líder do Circuito Carioca Masculino, o Idec perdeu o importante patrocínio de uma universidade: “O foco nos investimentos mudaram e por isso a Unisuam deixou de apoiar nossa equipe”, pondera o representante João Mandarino.
Mesmo com as dificuldades, a aposta é de que num futuro próximo o Beach Handball se torne um esporte conhecido. Zezé explica que “a inserção nas escolas é o primeiro passo para o crescimento da modalidade no Brasil”.
Entre os dias 10 e 12 de outubro foi realizado a II Etapa do Circuito Brasileiro de Beach Handball, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. A disputa em pontos corridos envolveu apenas equipes cariocas (seis, no masculino e cinco, no feminino). O Idec ficou com o título tanto no masculino quanto no feminino. Com isso, as equipes garantiram vaga para a fase final, que será realizada no mês de janeiro, em Vila Velha (ES).

A nível estadual, a sexta e última etapa do Circuito Carioca acontece no dia 28 de novembro, em Copacabana. Entre os homens, o Idec está na ponta, seguido de perto pelo Niterói Rugby. Pelo lado das mulheres, o Z5 Handebol conquistou as cinco etapas anteriores, desta maneira assegurando o bi campeonato e entra em quadra apenas para cumprir tabela.

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 Agência de Jornalismo Esportivo - AJESPORTES

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